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Existem variadas formas de operar por um trading-system no mercado. “Certo” e “Errado” são palavras que, muitas vezes, se encontram presentes no vocabulário dos traders mais iniciantes, e a medida que vão amadurecendo no mercado (“calejando”, como diriam os mais experientes operadores), vão se tornando mais raras.
A verdade é que não existe certo ou errado. A vaidade da Razão é algo que o nosso Sr. Mercado simplesmente despreza.
Se não existe o certo e o errado, o que existe? Simplesmente convicções que geram lucro e convicções que vão contra a matemática do mercado e só geram prejuízos consistentes. A verdade, é que para explorar de forma direcional o comportamento dos preços (ganhos auferidos com o mercado caminhando na direção projetada, prejuízos se caminha na direção contrária, sem hedge e com uso de stops, tanto para ganho como para perda), você precisa conhecer o comportamento daquele papel que está disposto a operar.
Papéis são diferentes entre si. Têm um “quê de personalidade própria”, e o que é mais curioso: – Estão propensos a mudar este perfil a qualquer momento. O que um verdadeiro trader precisa é identificar o padrão que está em viés de ser continuado, mas ter ao mesmo tempo, métricas para definir o momento em que um determinado tipo de estratégia deixou de refletir a predominância de efeitos ação-reação que vinham sendo aplicados.
Muitas vezes, quando questionado pelos participantes sobre alguns ativos que, por demasiada volatilidade, ou reduzida liquidez formam os chamados “espetos”. Estes são conhecidos como candles com pouco corpo, muita sombra, e difíceis de abrir uma oportunidade específica no pró-tendência, deixo de lado com uma recomendação de distância.

Não é que não seja possível ganhar dinheiro com alguns ativos. Ocorre que os trading-systems mais rentáveis em mercado Bovespa dificilmente responderão positivamente a este comportamento de preços, e quando aplicáveis, os trading–systems que se encaixem são por demais otimizados, podendo acabar resultando no chamado “overfitting”.
O overfitting decorre justamente da demasiada otimização de estratégias, a nível que se desenvolvem muitos filtros que acabam “limpando” a base de amostras, e encurtando-a. Com isto, temos um trading-system que reagiu melhor aos seus estímulos no passado, porém que foi tão adaptado a uma realidade histórica que fica muito fácil deslizar em mudanças do cenário de volatilidade ou tendência dos próximos anos.
Partindo da ideia de que o certo e o errado não existem, somente convicções ganhadoras e perdedoras, sabemos que algumas iniciativas até têm potencial de lucro a longo-prazo, mas potencial este que não compensa sua exposição a riscos e trabalho operacional.
Nosso trabalho é justamente o de encontrar padrões que se apliquem a diversificadas “personalidades de ativos”, promovendo bases testadas diversificadas em diferentes papéis operados, surtindo efeitos de boa relação risco x retorno, com grandes amostras (pequena probabilidade de overfitting) e maior capacidade de sobrevivência em períodos ruidosos. Em outras palavras, estratégias que deem menos trabalho e desgaste ao longo do processo, e gerem retornos com maior consistência.
É neste ponto que, em minha metodologia de seleção, encontro basicamente 3 modelos que reagem positivamente em boa parte dos ativos mais líquidos e de comportamento mais direcional do segmento Bovespa. São eles:

- Modelos de impulsão: O clássico formato de Recuo à Média. Em uma tendência clara e consolidada, aguardo o final de um movimento de reação (lembre-se da ótica ação-reação: Se estou em uma tendência de alta, os rallys altistas são rallys de ação, e os baixistas, de reação) para me posicionar a favor do provável início de movimento de ação na sequência. São, em geral, trading-systems bastante criteriosos, justamente por precisarem qualificar a tendência a ser operada a favor, mas que promovem boa relação risco x retorno, com nível de acerto regular.
- Modelos de explosão: Aguardo em um movimento direcional de maior escala, a caracterização de um movimento do tipo “congestão”, ou seja, uma lateralização em que temos perda de aspecto direcional, queda no volume de negociações, e delimitação da faixa de giro. É exatamente a isto que se propõem as clássicas figuras de Dow, como o triângulo, as bandeiras-e-mastros, as cunhas, e até mesmo os cangurus-pernetas (risos).
Há apenas uma diferença: Um modelo de explosão precisa ser objetivo, coisa que a maioria dos padrões citados há pouco não são. Partindo desta linha de raciocínio, no rompimento da faixa de giro, favorável à tendência em maior escala, adota-se uma posição direcional com níveis de acerto e relação risco x retorno pouco superiores aos modelos de impulsão, na média dos ativos estudados. Por ser um pouco mais fácil, por critérios quantitativos, identificar lateralização, ao contrário de uma virtuosa tendência em seus mais discrepantes níveis de volatilidade, os modelos de explosão acabam por ocasionar maiores bases amostrais, um ponto a seu favor. - Modelo de pivot: Lembra-se das clássicas aulinhas de análise gráfica que certa vez você já assistiu no início de seus estudos de mercado, seja no youtube, seja em classes presenciais, ou mesmo lendo e-books ou livros impressos? Lá você via: Operar tendências, no rompimento de resistências ou suportes. Uma resistência rompida torna-se um suporte, e vice-versa. A filosofia por trás disto é: Se tenho topos e fundos ascendentes, por exemplo, a probabilidade de um rompimento de resistência consolidar um rally de ação é maior e melhor do que a aposta na perda de um suporte.
O problema é que nesta linha de raciocínio, para não se tornar refém de sua própria subjetividade, é preciso definir de forma objetiva o mapeamento de topos e fundos, para daí derivar seu plano operacional. Operações de pivot são as que buscam se aproveitar das inversões de ordem dos topos e fundos (virada de tendência), ou da continuidade das mesmas em gerar topos e fundos ascendentes ou descendentes. Sabendo o que procurar em cada ativo a ser operado, de acordo com sua “personalidade” e modus operandi, fica mais fácil partir para os testes com algo que já está passos à frente no processo de lapidação.